Em um único dia, logo no primeiro, o Brasil confirmou toda sua superioridade nos Jogos Parapan-Americanos de Lima. Foram 40 medalhas em quatro modalidades. O tênis de mesa contribuiu com 19 (cinco de ouro), atletismo com 12 (quatro ouros), judô, quatro (um ouro) e tiro esportivo, quatro (um ouro).
As primeiras medalhas começaram a ser conquistadas pelo judô, às 11h, e só parou com o atletismo, às 22h, sempre no horário de Brasília. Neste intervalo de onze horas, o tênis de mesa e o tiro esportivo deram alegrias à torcida brasileira.
Em uma comparação com o primeiro dia de disputas de Toronto 2015, a delegação de Lima mais que dobrou a quantidade de medalhas. Há quatro anos, foram apenas 18 pódios nas 24 horas iniciais.
A competição começou na noite da sexta-feira, 23, com uma bela cerimônia de abertura no centenário Estádio Nacional, e vai até o outro domingo, dia 1º de setembro.
Leia, abaixo, o relato dos triunfos brasileiros no primeiro dia do Parapan na capital peruana.
Atletismo O paulista Thiago Paulino entrou para a história do estádio de atletismo da Videna (Vila Deportiva Nacional) de Lima, ao ser o primeiro atleta a quebrar um recorde mundial da arena. No arremesso de peso da classe F57, ele quebrou o recorde mundial da prova, que era dele próprio (15m11). O arremesso de 15m26 lhe rendeu o lugar mais alto do pódio, seguido de outro brasileiro, Claudiney Batista, que registrou 11m55.
“Fiz apenas três arremessos, dos seis regulamentares, e consegui o recorde mundial, decidi poupar porque senti um pouco o ombro, mas estou muito feliz”, comentou Paulino, que é amputado de perna devido a um acidente de moto.
Minutos mais tarde, outra brasileira aumentou a lista de recordistas mundiais do estádio de atletismo da Videna. Elizabeth Rodrigues foi a melhor no lançamento do disco da F57. A atleta natural de Santos (SP), diagnosticada com esclerose múltipla, venceu o lançamento de disco F53 com a marca de 16m67.
Quem também brilhou no início da noite fria limenha foi a mineira Izabela Campos também no disco, porém na classe F11 (para cegos) com 35m32 em sua quarta tentativa, 20 cm à frente da colombiana Yesenia Maria Restrepo, e, além do ouro, estabeleceu novo recorde da competição.
O quarto ouro do atletismo veio do mesmo modo no mais alto estilo. Um pódio triplo nos 200m feminino da classe T11 (cegos). A acreana Jerusa Geber, acompanhada do guia Gabriel dos Santos, cravou 25s05. Dez segundos à frente da potiguar Thalita Simplício e o guia Felipe Veloso. O bronze ficou com a paranaense Lorena Spoladore (Renato Ben Hur).
Ao final da primeira sessão de atletismo, as medalhas brasileiras foram assim distribuídas:
Ouro – 4 Thiago Paulino (peso, classe F57) Izabela Campos (disco, classe F11) Elizabeth Gomes (disco, classe F53) Jerusa Geber (200m, classe T11)
Prata – 3 Thalita Simplício (200m, classe T11) João Victor de Souza (disco, F37) Claudiney Batista (peso, F57)
Bronze – 5 Fábio Bourdignon (200m, classe T35) Yeltsin Jacques (5.000m, classe T13) Jair Souza (peso, F40/41) Lorena Spoladore (200m, T11) Viviane Soares (200m, T12)
Tênis de mesa
As disputas individuais do tênis de mesa terminaram com 19 medalhas brasileiras. Entre as quais, cinco foram de ouro, cinco de prata e nove de bronze. Neste sábado, 24, o primeiro a comemorar o título das Américas foi o paulista Paulo Salmin. Ele precisou de uma hora e 46 minutos para conquistar a medalha de ouro da classe 7 do tênis de mesa. Ele venceu todos os quatro jogos que fez, perdeu apenas um set, e, somando todos os minutos em que precisou jogar para alcançar o feito na capital peruana, chega-se a 106 minutos de partida. A mais longa foi a final contra o colombiano José Vargas, no início da tarde deste sábado, com 31 minutos de duração, e parciais de 11/9, 11/9 e 12/10.
Já a catarinense Danielle Rauen (classe 8-10) fez quatro partidas que, juntas, somaram 58 minutos. Venceu todos os duelos por 3 a 0, nenhum deles encontrou opositora que conseguisse superá-la em mais de sete pontos por parcial. Faturou seu segundo ouro Parapan-Americano, visto que chegou em Lima com o status de campeã na edição de Toronto, quatro anos atrás.
Luiz Manara também faturou o ouro para o Brasil. Na classe 8, ele ganhou do costa riquenho Steven Roman por 3 a 1, em duelo emocionante de 32 minutos de duração, com parciais de 11/9, 9/11, 11/9 e 12/10. O paulista de Mogi Mirim também faturou o bi do Parapan.
Joyce Oliveira chegou ao seu segundo ouro na competição continental. Ela havia sido campeã em Guadalajara 2011, e voltou a triunfar agora em Lima, com 100% de aproveitamento nos quatro duelos que travou.
O último ouro do dia no tênis de mesa veio com Carlos Carbinatti, com a vitória por 3 a 0 sobre Cláudio Moura na final.
Confira, abaixo, a relação de todas as medalhas do tênis de mesa, encerradas as disputas individuais do Parapan:
Ouro – 5 Danielle Rauen (classe 8-10) Luiz Manara (classe 8) Joyce Oliveira (classe 4) Paulo Salmin (classe 7) Carlos Carbinatti (classe 10)
Prata – 5 Aloísio Júnior (classe 1) Claudio Massad (classe 10) Eziquiel Babes (classe 4) Marliene Santos (classe 2-3) Jennyfer Parinos (classe 8-10)
Bronze – 9 Conrado Contessi (classe 1) Guilherme Costa (classe 2) Iranildo Espíndola (classe 2) Welder Knaf (classe 3) Alexandre Ank (classe 4) Lucas Carvalho (classe 9) Ramon da Silva (classe 9) Cátia Oliveira (classe 2-3) Lethicia Lacerda (classe 8-10)
Judô
A primazia de levar o pavilhão brasileiro ao ponto mais alto do pódio foi de uma paulista de 19 anos, do Guarujá, São Paulo: Giulia Pereira. Ela é da categoria até 47 quilos, mas teve de competir com judocas até 52 quilos, por falta de concorrentes em sua classe de peso. Num formato de todas contra todas, três das quatro concorrentes eram mais pesadas que a paulista.
Giulia não se intimidou. Venceu três lutas por ippon (golpe perfeito), inclusive da medalhista paralímpica em Londres 2012, Karla Cardoso, e a última, contra a argentina Paula Gomez, por waza-ari no golden score (tempo extra).
Giulia nasceu prematura, no quinto mês de gestação, e com 30% da visão, e, ao passar dos anos, perdeu completamente a acuidade. Em 2014, iniciou no judô para pessoas com deficiência visual e cegas. Em 2017, foi vice-campeã dos Jogos Parapan-Americanos de Jovens, em São Paulo. No mesmo ano, ficou com a prata no Campeonato das Américas adulto, igualmente na capital paulista. Compôs a seleção brasileira que disputou o Mundial do ano passado, em Portugal, mas foi eliminada na primeira luta.
“Na minha chave, eu já sabia contra quem iria lutar, porque eram todas contra todas. A final [contra a Argentina] foi muito difícil, uma luta que eu já sabia que seria complicada, mas graças a Deus, ganhei no Golden Score”, comemorou Giulia. A fluminense Karla Cardoso ficou com bronze na categoria.
Entre homens de até 90 quilos, o potiguar Arthur Silva sofreu um waza-ari do americano Richard Ties e ficou com a prata. Thiego Marques foi bronze ao bater o canadense Justin Karn, na categoria até 60kg.
Tiro esportivo
A modalidade estreou no programa dos Jogos Parapan-Americanos e o gaúcho Geraldo von Rosenthal foi o primeiro brasileiro a pisar no degrau mais alto do pódio. Na pistola mista de 50m SH1, ele anotou 210.3 pontos na final e se isolou na liderança para ganhar o ouro e deixar para trás Mariano Heredia (202.6), com a prata, e o também brasileiro Sérgio Vida, bronze com 181.0.
Geraldo volta a competir neste domingo na pistola mista de 50m SH1.
Já o paulista de Sumaré Alexandre Galgani, e o capixaba Bruno Stov conquistaram na manhã deste sábado, 24, a medalha de prata e bronze, respectivamente, no rifle de 10m misto SH2. Os dois representantes brasileiros ficaram atrás apenas da americana Mckenna Dahl na classificação geral. Vale lembrar que esta é a primeira vez que o tiro esportivo faz parte do programa dos Jogos Parapan-Americanos.
Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)